No começo da década de 80, desbravando mato adentro, com amigos, o sítio de minha família, percebemos que bem no meio do capim colonião havia uma casinha caiada, abandonada, muito charmosa e com muita história para contar. Olhamos a tal casinha e acabamos por adotá-la. A partir daí, os fins de semana começaram a ser bem intensos, e a tal casinha começou a ressuscitar. Cada um de nós fazia o que melhor sabia: rede elétrica, parte hidráulica, pintura de portas e janelas etc. O carpinteiro tratado para arrumar o telhado dizia: – Dona : esta casa está muito velha, não compensa, as paredes não tem cimento, ela é feita de estrume com barro e o reboque é uma massa de barro com cal, muito fraca. Deve ter sido feita por meeiros no começo do século. – Se está aqui há tanto tempo, vai continuar, disse eu. Estou precisando de alguém que conserte o telhado !!! Se o senhor não estiver disposto, procuro outra pessoa. – Não minha senhora, se a senhora quiser, que assim seja. Aos poucos tudo se transformava, as coisas aconteciam numa rapidez e tanto. Nós que éramos profissionais liberais nos dias úteis, aos fins de semana nos transformávamos em verdadeiros pioneiros.
Em São Paulo, eu coordenava aulas de pintura e desenho infantil no Museu de Arte Moderna de São Paulo, localizado no Ibirapuera , cujo Presidente na época era o Aparicio Basilio da Silva , bem arrojado, me deixava completamente à vontade para coordenar as aulas ao meu modo e jeito.
As crianças levavam seus desenhos e pinturas para casa e como não eram trabalhos realizados a partir de estereótipos pré- estabelecidos, muitas vezes os pais não os aceitavam com muita facilidade. Isto me fez escrever uma apostila www.srnet.com.br/pintura, esclarecendo minha proposta, que se baseava no desenho feito a partir do objeto, dando à criança a satisfação de ter feito algo único e pessoal. As pinturas estão expostas nas casinhas e também em minha casa em São Paulo.
Muita correria entre o sitio e São Paulo … resolvi morar no sitio e continuar coordenando as aulas no Ibirapuera. Morei por quase três anos na casinha Branca, trabalhando 3 dias da semana no MAM e o resto do tempo lá. Comecei bem devagar e “sem pressa” a construção da casa Ocre. Meu pai, que era um perfeito prático, me orientou em detalhes como posição da casa em relação ao sol e toda a infra que ela exigiria. Morando na casa Ocre, foi a casa Branca sozinha que encarou o “espírito de pousada”. Depois, aos poucos e com muita dedicação, as outras casas foram acontecendo, e toda a dedicação que tenho por elas foi crescendo.
Nosso objetivo na Casinha Rural é oferecer privacidade e satisfação que um sitio oferece, com galinhas soltas, horta a disposição de todos, piscina e trilha na mata. Temos poucas casas, bem diferentes uma da outra, cada uma com suas peculiaridades e encantos. Tudo sob a supervisão da Fabiana e do Airton que cuidam de tudo com muita satisfação.